sábado, 12 de dezembro de 2009

“Um Novo Paraíso - I”

Fora em tempos de outrora, jamais vivido pelo mundo de hoje. Havia vegetações infindas naquele extenso paraíso verde; tomado pela fauna! Hoje, em plena floresta amazônica, infelizmente; só há devastação. Naquela época, podia-se respirar o ar puro da natureza, tranqüilamente; como um perfume suave de uma flor, que espera ansiosamente a chegada do beija-flor, para beijá-la infinitamente. Os animais passeavam livremente, macacos voavam de galho em galho habilidosamente, causando com o forte impacto da cauda, a queda de algumas folhas mortas. Na árvore à frente, uma cobra espreitava entre as folhas cautelosamente um ninho de rolinhas bem robustas, que alimentavam seus filhotes.


Na parte plana do da floresta, gados pastavam sem receios de serem capturados pelos homens cruéis e satânicos; que dominam o mundo de hoje. Nessa época, em que o mundo era “pacífico”, os animais e as pessoas viviam num ambiente natural e harmônico; cercados por pequenos riachos, árvores frutíferas...


Podia-se andar livremente naquele lugar suave e prazeroso de se viver; sem se preocupar com nenhum temor, porque as pessoas que habitam aquela região, não sabiam de fato, o que era maldade; porque todas têm coração puro.


Nos pequenos riachos, crianças e adultos banhavam-se, enquanto algumas lavadeiras, a maioria escravas alforriadas, tinham um árduo trabalho; batendo roupas de linho nas rochas, descascando batatas, lavando peixes... Nem tudo era belo, pelo menos para os negros, que sofriam constantemente com a “opressão branca”, fato que deixara feridas incicatrizáveis, pelas infinitas açoitadas disparadas pelo ódio que tinham dos pobres coitados, que viviam nas senzalas impuras, como animais enjaulados; só por terem a cor da noite. Fora isso, não havia perigo nenhum neste paraíso; que todos nós sonhamos ter.


Os animais eram meigos e delicados, assim como uma pétala de rosa que desabrochara naquele imenso jardim perfumado e bem cuidado pela natureza. À pequena lebre pulava alegremente nos braços da pequena criança; que brincava alegremente naquele jardim natural e doce, onde os habitantes se sentiam bem.


Os homens trabalhavam infinitamente para o sustento de seus familiares, era raro ver pais e filhos juntos porque naquela ilha, se ninguém trabalhasse para o sustento de seus familiares, não haveria como ninguém sobreviver, porque os adultos eram a fonte de sustento das pobres e famintas crianças, que habitara aquela imensa região, chamada pelos mesmos de “Paraíso das Águas”; pelos seus riachos e cachoeiras, que pareciam infinitos.


O Paraíso das Águas é cercado por inúmeras montanhas e arvoredos. Os campos pareciam perfumados de tão limpos; as aves enfeitavam sempre aquele imenso céu azul, que é a coisa mais sublime do mundo; era simplesmente na visão de muitos, o “Campos Elíseos!”


Quem poderia imaginar um lugar tão belo como esse? Nem mesmo Jesus Cristo, porque de fato, não criara o mundo; apenas nascera nele, após alguns milênios; minto: após alguns milhões de anos.


O povo dessa região pacifica é muito religioso; tanto é que muitas pessoas, a maioria senhoras idosas e mulheres jovens e prendadas, e lindas como a flor; andavam com esculturas de santinhas feitas de madeira e crucifixos; com Jesus Cristo pregado ao meio. Aquele povo era como as pedras que permanecem intactas nas desertas montanhas, que “vivem” isoladas com as névoas ondulantes!


Em meio a esse povo, há um jovem sonhador; como todos os jovens do planeta, mas, ele era especial. Trabalhou desde cedo e ainda trabalha duramente no milharal e no canavial. Teve pais, porém, foram mortos por uma suposta traição ao Paraíso das Águas; que nunca fora confirmada. Após este incidente lamentável – passou a ser odiado pelas pessoas que habitam essa região sagrada – onde se encontra ouro em abundância. Tivera o rosto ferido com uma espada, fato ocorrido logo após a morte do padre Rocha, seu último amigo até então.


Após este fato duvidoso, passou a ser renegado pela população que, até então, nunca o conhecera; porque fora influenciada pelos homens da região a odiá-lo; sem nenhum motivo cabal.


Tivera uma vida digna de amor, palavra doce que por pouco não morrera, graças a sua perseverança. Teve forças para continuar a acreditar no seu esforço e apagar as escritas do passado dos seus pais.


Dedicou-se a isso.


Foi bom para as coisas da vida e ajudara sempre de boa vontade as pessoas mais necessitadas, no intuito de melhorar cada vez mais sua imagem diante daquele povo “sagrado”. Porém, fora em vão.


Continuou sendo odiado, pois, ainda guardavam mágoas inexistentes do pobre garoto, que apenas queria encontrar a paz.


Tentara sempre ignorar o desprezo que recebia de todos a todo instante. Não adiantara.


Magoado pelo desprezo que sofrera daquele maldito povo ingrato, partira sem destino; indo apenas encontrar a paz infinita, a qual era o seu maior sonho. O Sol castigava-lhe intensamente, deixando-o cansado e impaciente. O clima era agradável, ventos leves, campos verdes, pequenas propriedades e alguns escravos, comprados pelos senhores da região que dominara maior parte dessas terras.


Subia os montes quase a desabar; procurando o lugar dos seus sonhos; onde ninguém pudesse importuná-lo.


Via as aves passearem pelos galhos secos da amendoeira, enquanto um bem-te-vi esticava-se todo, para soltar seu canto melódico como a flauta doce. Cansado, senta-se e olha o pássaro, apoiando as costas em uma velha árvore centenária; desvia o olhar para o céu deserto, que no momento tinha poucas nuvens.


Fechou os olhos procurando algum sonho bom; e não encontrara nenhum; apenas o mundo escuro, cinzento e nebuloso. Sentia os zéfiros acariciando seu corpo levemente como se fosse carícias de mãe; porém, não era. Era sim carinho de mãe, a mãe da fauna, a mãe natureza.


Olhava para o imenso céu azul, tentando entender o mundo; que jamais o compreendera. Sua mente vagava no ar buscando a solução para tirá-lo desta solidão infinda. Seus olhos umedeciam de tristeza, porque não havia ninguém para compartilhar suas dores internas. Sofria só, ali, bem no canto encostado à árvore centenária, vendo o espetáculo das borboletas que rodeavam um pequeno jardim natural de flores rasteiras.


Fechara os olhos e dormira, descansando completamente o corpo; que já estava esgotado de tanto cansaço. Dormira profundamente; num sono tão leve e gostoso que não queria mais acordar...


Enquanto esse pobre jovem dormia, o Sol escondia-se atrás das montanhas, despedindo-se da tarde que se retirava para dar lugar a noite. Aos poucos, era possível ouvir o canto das cigarras ao longe, bem longe, encerrando o dia.
A lua descia enorme e brilhante sobre a Terra, que descansava do cansaço do dia que fora deveras muito pesado.


A brisa da noite aumentava, e aos poucos, os vaga-lumes iluminavam o pequeno campo que já escurecia pela chegada magistral da noite. O pobre jovem acabava de acordar espreguiçando os braços e abrindo largamente a boca de cansaço físico. Olhava para o céu com dificuldades, e via algumas estrelas vagarem pausadamente, mudando-se de posição, talvez por “cansaço”, de tanto ficarem paradas no mesmo lugar.


Ao longe, vira uma enorme luz que brilhava intensamente; como o Sol queimando a Terra, ficara curioso de lá chegar; mas, como? Era noite, e não havia possibilidade alguma de lá chegar, enquanto o Sol não pousasse novamente sobre a sagrada terra.
Forçou um pouco mais os olhos e viu que era uma pequena casa de madeira, a luz deveria ser de um velho candeeiro de querosene, que clareava aquela propriedade. Enfim resolveu dormir novamente, para cedo acordar e quem sabe lá encontrar o seu novo paraíso? Deitara-se novamente, sobre a grama fofa do jardim natural apenas esperando a noite passar; para dar lugar novamente ao dia, que estava prestes a chegar...

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